Vira da Senhora do Mont´Alto
Diz a tradição que os romeiros, na noite e dia 15 de Agosto não davam descanso ao brochado ou borracha das botas ou dos tamancos, farreando ao toque do armónio, da gaita de beiços, da guitarra ou de bandolim por tudo quanto era sítio.
Este vira era então muito batido com ardor e tem quadras lindíssimas, aliás como as têm todos os números de reportório e destacamos aquele que antecede este pequeno comentário.
Senhor da Ladeira
Dança dividida em duas partes. A primeira pouco ritmada. A segunda batida à boa maneira serrana.
É uma homenagem à pequenina imagem vestida de Napoleão que se venera no Santuário do Senhor da Ladeira numa pequena redoma de vidro. À sua volta encontramos pequenas vestimentas e calçados característicos que as senhoras, especialmente na hora do parto lhe prometiam para que tudo lhes corresse bem e os seus filhos nascessem escorreitos.
Contrariamente à generalidade das danças serranas da nossa região não tem esquema de roda.
Fica, ainda, a lembrança de que, mesmo nod dias de hoje, quanto de uma reunião de amigos numa festa ou adega, o Senhor da Ladeira é sempre cantado e esta quadra motivava e continua a motivar argalinenses.
Cantigas da Serra
A voz da cantadeira eleva-se. O cantador não se fica atrás. A cantiga é envolvente. A dança contagiosa. Os pés de quem ouve e vê não param.
Esta bela recolha protagoniza a fidelidade ao antanho num valseado que reflecte fielmente o chamamento das bem bonitas quadras.
Cantiga e dança bem velhinhas. Quanto se sabe remota a meado do século dezanove.
Fado Mandado
O fado serrano tem e faz a sua diferença dos demais que existem em praticamente todo o país, pela sua forma cantada e discutida e pela sua dança de pés e mãos, ainda pelas constantes mudanças de par e de movimento continuamente alterados pela voz do amndador, cooordenados com as cantigas.
Cantador e cantadeira zangam-se parcialmente. Como é óbvio tudo acaba em bem.
É antigo e dançava-se muito à nossa volta. Havia acesas desguirras entre os cantadores e chegava a durar horas a fio.
Vira da nossa Terra
É por assim dizer, a dança mais antiga de que se tem conhecimento na região. Data de mil oitocentos e qualquer coisa e foi recolhida e trazida do Colmeal, sua terra natal, pelo Sr. Antero que bem novo já o tocava no seu velho armónio.
Dança convidativa e salteada por um batido forte e rude, caracteriza-se por ser dançada por 2, 4, 6, 8, 10, etc., pares e confronta-se com duas fases distintas e alternáveis.
Vai de Roda
Tal como o título diz, andar de roda ou dançar de roda é tradicional na Serra. Porém, o Vai de Roda é mais do que isso. É um sempre a girar não aconselhável a quem sofra de vertigens.
Dança bem mexida e bem esquematizada não se sabe ao certo quantos anos tem. Sabe-se, isso sim, que era uma das preferidas quando das descamisadas ou um dia de festa ou romaria. Servia mesmo para testar os dançadores que não podiam enfrascer-se para não caírem nos constantes rodopios.
Carreirinhos da Serra
Dança e canto tipicamente serranos, tal como o nome o confirma. Muito antiga, esta modinha desenvolve-se à roda em movimentações constantes e bem mexidas.
Música alegre, tal como o é a quase totalidade dos cantares da nossa serra.
Cantigas da Rua
É uma das modinhas asuada nos desfiles e nas saídas dos palcos.
Cantiga suave e muito bonita e foi bebida na serra. Mais parece um hino e um convite ao amor e à fraternidade.
Vira Roubado
Delícia dos antigos o Vira Roubado é geralmente marcado e passado, sendo batido a meio do bailado a espaços pelos homens e pelas mulheres.
Antiquíssimo é uma das relíquias da Serra do Açor. Claro que há viras idênticos noutras zonas interiores do país, em especial nas Beiras, só que este tem as suas características próprias, bem ao jeito das gentes criadas na dureza dos campos e das montanhas.
Cantigas da Serra do Açor
Este vira de um esquema belíssimos tem uma melodia que entra, desde logo, no ouvido.
Os pares, como que mostrando-se, aparecem dançando soltos com que convindando-se uns aos outros. Depois rodopiam entre si em ligeiras fugas de entusiasmo e estilo.
É uma das últimas recolhas e também foi bebido na Serra do Açor e na freguesia do Colmeal.
Margarida Moleira
Ritmada e marcada por passos medidos, esta modinha é, normalmente, trauteada com facilidade, pois cai como farinha nos trajes moleirinhos.
A graciosidade do esquema num constante peneirar nas passagens de mão em mão e no cativante sorriso do par aloelhado, dão à modinha o encanto da moleirinha Margarida ou outra poderia ser.
Amores além do rio
Esta cantiga tem uma melodia suave e a dança é baloiçante tal como o fora o barco no rio ou na espera de chegar ao amor que estava do lado de lá e a cheia não deixava.
O próprio nome é, por assim dizer, uma tradição. É um uso e um costume que os tempos em evolução vão escondendo.
Manjerico
Modinhas, tal como cantigas da rua, usada nos desfiles, entradas e saídas dos palcos.
Muito ritmada, esta moda tem uma música e letra muito bonitas.
Saudação aos Visitantes
"Nosso Rancho Juvenil
Saúda-vos com muito amor
É o abraço de Arganil
Com alegria e fé no Senhor
Arganil é nossa Terra
Mont´Alto sonhos de mãe
O Açor é nossa Serra
Com as belezas nobres que tem"
Vira da Senhora do Mont´Alto
"Ai a Senhora do Mont´Alto
Tem seu terreiro varrido
Que lhe varreram os anjos
Ai com a renda do vestido"
Senhor da Ladeira
"Fui ao Senhor da Ladeira
Para espreitar o luar
Deparou-se uma estrela
Era a luz do teu olhar"
Cantigas da Serra
"Tenho passado mil terras
Muitas mais eu passarei
Tenho visto caras lindas
Como a tua nunca achei"
Fado Mandado
"Fui à fonte para te ver
Ao rio para te falar
Nem na fonte nem no rio
Te consegui encontrar."
Vira da nossa Terra
"Ai meninas dançai o Vira
Ai meninas dançai-o bem
Eu já vi dançar o Vira
Às filhas da minha mãe."
Vai de Roda
"O sino bate e rebate
Quantas baladas serão
Uma duas três é fogo
Dentro do meu coração."
Carreirinhos da Serra
"Adeus casa de meu
Adeus coberto da eira
Onde tinha meu tear
Quando era tecedeira."
Cantigas da Rua
"Cá vai o nosso ranchinho
Com as danças e cantares
A caminho da romaria
Onde vamos actuar"
Vira Roubado
"O vira deste ranchinho
É muito mais engraçado
Ai ai não troques o passo
A moda do vira tem seu compasso."
Cantigas da Serra do Açor
"Moro na Serra do Açor
Faço abrigo à neve
Diga lá minha menina
Porque razão não me escreve."
Ó Margarida Moleira
"Ó Margarida moleira
Dá-me da tua farinha
Ai, Ai, Ai, eu a quero peneirar
Com a nova peneirinha."
Amores além do rio
"Amores além do rio
Não os quero nem de graça
Por pouco que o rio cresça
Dizem logo que não passa."
Manjerico
"Monjerico folha recostada
Dá-lhe o vento abana abana
Não há balas que atravessem
Aquela falsa tirana."